Esta patologia se caracteriza por ser um distúrbio neurocomportamental,
caracterizado clinicamente por dificuldade em manter a atenção e controlar os impulsos , bem como a atividade motora.Os três sintomasprincipais são:Déficit de atenção, Impulsividade e Hiperatividade que determinam o diagnóstico do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade(TDAH ).
Esta patologia atinge setores diários de atividade ( casa , escola , esporte e diversão ) do paciente . Portanto , implica na necessidade de adotar precocemente procedimentos terapêuticos definidos na área neurológica , e outros procedimentos como pedagógicos e sociais , afim de prevenir o aparecimento em longo prazo de distúrbios de âmbito comportamental ou psiquiátrico . A TDAH é uma condição que altera a vida do paciente quanto ao desenvolvimento emocional e auto-estima . Adicionalmente , afeta pais e irmãos e tem implicações econômicas sobre a família . A participação dos professores , da comunidade escolar e da comunidade em geral na elaboração de uma abordagem racional diminuiria o impacto social e minimizariam as consequências futuras para o portador desta patologia (conduta adotada e altamente priorizada nos EUA– TUCHMAN , 1998 ) . Os sintomas citados , déficit de atenção , impulsividade e hiperatividade são as vezes de difícil caracterização e quantificação , podendo ser valorizados de forma diferente por médicos , pais , psicopedagogos e professores .
O sintoma fundamental é a incapacidade para manter a atenção numa tarefa ou atividade pelo tempo necessário para realizá-la . Tal incapacidade pode ser evidente para qualquer tipo de situação , inclusive
a que é interessante para o paciente. Obviamente , esta incapacidade tem maior impacto na sala de aula , porque limita a quantidade de informações apreendidas ou retidas , levando a uma interação negativa com o professor que pode acabar influenciando a auto-estima e a auto-imagem deste paciente.
Associadamente , existe alta propensão a se distrair e o paciente ocupa-se com qualquer estímulo visual e auditivo sem importância e não termina a tarefa e é , portanto , rotulado como preguiçoso na escola e desobediente em casa . A impulsividade manifesta-se por incapacidade de esperar a vez ,falando em ocasiões não apropriadas , respondendo sem refletir , ou terminando rapidamente e sem cuidado a atividade proposta , como que para se livrar da incumbência .
A hiperatividade é sempre o sintoma mais evidente e o primeiro a ser valorizado. No primeiro grau escolar torna-se impossível justificar o quadro , atribuindo-o a excesso de vivacidade ou a temperamento difícil
. A estrutura da classe tradicional e as horas passadas na escola evidenciam comportamentos inadequados , como andar pela classe , pertubar os colegas e derrubar livros e objetos .
A hiperatividade motora pode se acompanhar de hiperatividade verbal : o paciente fala sem parar , passando de um assunto para o outro de forma contínua , não sendo capaz de inibir a verbalização , cantarolando ou produzindo sons estranhos repetitivos que principalmente , na sala de aula , tornam-se altamente pertubadores .
Por ocasião da puberdade acaba se instalando um quadro de auto-estima baixa que , se não revertido , pode ser um caminho para a depressão .
As constantes reprimendas em casa e na escola , a dificuldade de aceitação social ( devido aos problemas de disciplina e dos comportamentos inadequados ) e o fracasso escolar criam na criança sentimentos de não ser bem-vinda em nenhum lugar e de não ter possibilidade de sucesso em nenhum aspecto da vida. Portanto , apenas uma reprimenda pode ser o gatilho para uma franca descompensação na vida afetivo-emocional , apesar deste paciente nesta fase de idade já estar conseguindo um controle melhor sobre a hiperatividade , às custas de tratamento medicamentoso(METILFENIDATO).
Com tratamento medicamentoso , orientação psicológica e familiar e suporte pedagógico adequado , calcula-se que cerca de 60% dos pacientes com TDAH se transformem em adultos funcionais e cidadãos promissores .
Portanto , solicito levarem em consideração o quadro clínico dos pacientes portadores desta patologia. Atitude adequada e conduta louvável e reconfortante de se fazer justiça com conhecimento de causa!!
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Dr. Fernando Ortiz (Médico Neurologista-Membro Efetivo da Academia Brasileira de Neurologia ).
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